23 anos depois
Hoje, dia em que escrevo, é dia 25 de fevereiro de 2023 e o GRACE faz 23 anos.
Passou um ano sobre o dia em que o GRACE festejava um estranho 22º aniversário – fazia-o no 1º dia após o deflagrar da invasão da Ucrânia, pela Rússia. Uma guerra que já não julgávamos possível na Europa. Uma guerra que esperávamos curta, mas que ainda não acabou nem sabemos como acabará. Uma guerra que nos interpelou de uma forma que não podíamos antecipar, mesmo após termos vivido dois anos de uma pandemia que nos surpreendeu tanto quanto nos testou. Como esta guerra nos continua a testar – há que saber resistir à sua “normalização”, porque nada nela é suscetível de passar a ser encarado como “normal”.
Estranhos tempos estes que vivemos. Não havendo maior violação de direitos humanos do que aquela que a guerra por natureza convoca – a morte dos inocentes – é porventura simbólico que o ataque à Ucrânia tenha deflagrado, por sua vez, justamente no dia seguinte ao da aprovação, pela Comissão Europeia, de um projeto de Diretiva sobre Direitos Humanos, a hoje conhecida como CSDDD (Corporate Sustainability Due Diligence Directive). Cuja versão final todas as empresas esperam com expetativa, por abordar uma matéria que hoje importa talvez mais ainda do que antes.
Como sempre ocorre em tempos de crise de valores, o que mais valorizamos são os valores pelos quais estamos dispostos a lutar.
É neste contexto que este nosso 23º aniversário ganha relevância. Uma história feita dos valores que nos unem, no GRACE, há mais de duas décadas.
Quando nasceu, há 23 anos, o GRACE fazia falta – preenchia o vazio inerente ao facto de, até 25 de fevereiro de 2020, não existir em Portugal nenhuma organização dedicada aos temas da responsabilidade social das empresas ou, como então se dizia, à responsabilidade das “empresas cidadãs”.
23 anos depois, foi muito o caminho percorrido. E, estamos em crer, o GRACE faz hoje ainda mais falta ao ecossistema empresarial português do que quando nasceu. Porque cresceu – em tamanho (hoje somos quase 250!), em abrangência, em relevância, em notoriedade. Porque estendeu o seu campo de ação – da cidadania corporativa à responsabilidade e, desta, à sustentabilidade, no contexto do novo paradigma ESG. Porque alargou a sua rede, através de parcerias com inúmeras entidades, tanto públicas como da economia social.
Tudo isto, num contínuo, sem quebras. Um contínuo capaz de juntar, ainda hoje, em cada aniversário, todo os Presidentes do GRACE em torno de um objetivo que se mantém comum – como é próprio de tudo aquilo que é sustentável.
Agora, como antes, procuramos que o futuro da sustentabilidade das organizações seja o nosso presente. É para isso que temos trabalhado todos os dias, nos últimos 23 anos e é esta a nossa força. Uma força feita de uma história que, sendo plena de orgulho do passado, mantém intacta a promessa de futuro. Um futuro que hoje se renova, já a caminho do 24º aniversário.
Por Margarida Couto, Presidente do GRACE – Empresas Responsáveis, em representação da VdA