Alterações climáticas aumentam riscos profissionais e baixam produtividade

Alterações climáticas aumentam riscos profissionais e baixam produtividade

Especialistas reunidos na NOVA SBE debatem “O Impacto das Alterações Climáticas na Saúde” e apontam caminhos sobre o papel das empresas nesta jornada que vai afetar a saúde dos colaboradores e a forma como se trabalha. 

Alertar e sensibilizar as empresas para os riscos que as alterações climáticas têm na saúde dos colaboradores e stakeholders são apenas parte dos objetivos que o Cluster Saúde do GRACE – Empresas Responsáveis definiu com a organização do evento “O Impacto das Alterações Climáticas na Saúde”, que decorreu a 22 de junho na Nova SBE, em Carcavelos. 

Subida da temperatura vai aumentar os riscos profissionais e a vulnerabilidade 

 Nas boas-vindas, Luís Veiga, Chief Sustainability Officer da Nova SBE, referiu que o novo Dean da Universidade definiu a sustentabilidade como um dos quatro pilares de foco, criando o Instituto de Sustentabilidade. Ainda na abertura do evento, Mariana Ribeiro Ferreira, membro da Direção do GRACE e co-coordenadora do Cluster Saúde, em representação da CUF, fez referência ao estudo da OIT – Organização Internacional do Trabalho: “Trabalhar num planeta mais quente: o impacto do stress térmico na produtividade laboral no trabalho decente”, que menciona como a subida da temperatura vai aumentar os riscos profissionais e a vulnerabilidade, restringir funções e capacidade de trabalho e reduzir a produtividade em 22% no número de horas de trabalho. 

 

As ligações entre poluição atmosférica, alterações climáticas e saúde estão bem estabelecidas. Um tópico abordado por Nuno Lacasta, Presidente da APA – Agência Portuguesa do Ambiente na sua intervenção, que antecipou o surgimento de novas doenças ou aparecimento de doenças a outros países onde não se verificavam até então (ex. Dengue, Malária), onde se inclui Portugal. Segundo o Presidente da APA, os sistemas de saúde não estão preparados para estas alterações – cerca de 6 mil mortes prematuras, por ano, pela má qualidade do ar em Portugal. Além disso, as ondas de calor constituem um grande risco para a saúde, em particular para a população idosa, que está a aumentar, referiu. 

 

Novas doenças no horizonte 

 

Ideias suportadas também por Luís Campos, Médico na CUF e Fundador do Conselho Português para a Saúde e Ambiente, que recordou os dados da OMS que referem que nove em cada dez pessoas respiram ar poluído e acima do que é recomendado. As consequências da qualidade do ar vão além das alergias e das doenças respiratórias, afinal “a poluição mata anualmente 9 milhões de pessoas”, referiu. Mas teremos ainda, como explicou Luís Campos, desafios de saúde com o aumento de zoonoses, consequência das alterações climáticas, da deflorestação e da desregulação do comércio de animais selvagens, assim como doenças relacionadas com a qualidade da água. “A segurança da água, escassez da água, degradação de ecossistema aumenta a probabilidade de incidentes graves como incêndios, epidemias, secas, inundações”, disse. 

 A resposta pode estar na mudança de hábitos. “A formação das novas gerações, em particular dos mais novos, é fundamental para a integração de uma cultura mais sustentável”, explicou Isabel Santos, CEO da GreenLab, que acredita que “o facto de Portugal ser um país pequeno é uma oportunidade para a autoprodução e autoconsumo”. Além disso, “criar e ativar formas de sequestros de carbono e utilizar a tecnologia a favor das mudanças irá ajudar a promover a sustentabilidade e a adaptar às mudanças que se vão colocar com as alterações climáticas”, acrescentou. 

 

Como é que as empresas podem atuar? 

Os três oradores falaram unissonamente sobre o papel primordial que as empresas têm nesta temática tão transversal. 

Para Luís Campos “as empresas devem desenvolver medidas concretas”, uma estratégia que deve ser prioritária e que acredita “ser um fator de distinção também para o consumidor”. E a estratégia, na visão de Isabel Santos, deve ser desenhada após “a realização de um diagnóstico global (com 3 pilares ESG)”, que vai permitir às empresas, com métricas e timings definidos desenhar um plano de ação. Mas esta análise pode não estar acessível a todas as empresas. Sobre isto, Nuno Lacasta lembrou que “enquanto as grandes empresas têm as questões do ESG mapeadas e as médias empresas exportadoras lidam com as exigências externas, as pequenas empresas não têm recursos para adotar um diagnóstico de sustentabilidade”. Portanto, acredita que existe um espaço de crescimento para consultoras focadas nas pequenas empresas e indicou a formação de executivos e quadros intermédios como um passo importante.

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