18 novembro, 2025

COP30: Florestas, Biodiversidade e o Compromisso Empresarial

MARTIM SANTOS SONAE

COP30: Florestas, Biodiversidade e o Compromisso Empresarial rumo a um Futuro Regenerativo

A COP da “Natureza”

A COP30, que decorre no Brasil, na cidade de Belém, marca um momento decisivo para a ação climática global. O facto de ocorrer na Amazónia, o maior reservatório de biodiversidade do planeta, eleva as expectativas quanto ao avanço de políticas de proteção florestal, valorização económica dos ecossistemas e reforço da responsabilidade empresarial. Num contexto em que existe mais de um milhão de espécies em risco de extinção e uma grande pressão sobre recursos naturais – o que, por sua vez, ameaça os serviços críticos do ecossistema, como ar limpo, água potável e alimentação –, a conferência poderá redefinir a ambição e a credibilidade das políticas ambientais internacionais. Intitulada a “COP da Natureza”, esta conferência ambiciona unir as agendas climática e de biodiversidade numa só estratégia coerente.  

Mecanismos de Responsabilidade

Um dos temas centrais será o reforço de mecanismos de responsabilidade empresarial, especialmente nas cadeias de valor associadas a commodities de risco florestal. Empresas de vários setores, incluindo o retalho, estão sob crescente escrutínio para garantir práticas responsáveis em toda a cadeia. A COP30 deverá aprofundar o debate sobre normas globais de due diligence, prevenindo desmatamento, assegurando transparência e promovendo sistemas robustos de verificação. Também será determinante a discussão sobre a integridade dos créditos de carbono baseados na natureza, com foco em rigor científico, qualidade ambiental e compatibilidade com metas nacionais de redução de emissões.

É neste contexto que a visão da Sonae se posiciona de forma clara, reconhecendo que a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas é essencial para a resiliência das cadeias de valor, para a proteção dos recursos naturais e para a criação de valor a longo prazo. Além dos compromissos assumidos relativamente ao combate à desflorestação, a empresa tem vindo, ativamente, a mapear as suas dependências e riscos associados à natureza e biodiversidade e progressivamente a trabalhar critérios ambientais e sociais, a implementar na relação com fornecedores. A Sonae entende que assim promove as práticas responsáveis que impulsionam a transição climática e a regeneração da natureza, mas também contribui para a resiliência da sua atividade. A COP30 representa, por isso, uma oportunidade para reforçar este caminho e alinhar ambição corporativa com as metas globais.

 Acordos Florestais e Nature Based Solutions

A biodiversidade é cada vez mais encarada como um ativo económico estratégico. Com mais de metade da economia global dependente da natureza, espera-se que a conferência incentive modelos de desenvolvimento baseados na bioeconomia, biotecnologia e produtos de base natural, criando oportunidades tanto para comunidades locais como para empresas que integrem esta dimensão da sustentabilidade no seu ADN.

A COP30 gera também a expetativa de consolidar modelos globais para as soluções Nature Based e que, com estas soluções, seja possível definir critérios de credibilidade e incentivar a sua integração nas estratégias climáticas nacionais. Por outro lado, espera-se que haja avanços num pacto internacional para a proteção das florestas tropicais e apoio a comunidades que atuam como guardiãs dos ecossistemas – o Tropical Forests Forever Fund (TFFF) foi lançado oficialmente no início de novembro e já foi endossado por 53 países. Este é, naturalmente, um tema particularmente relevante para empresas que valorizam a estabilidade das cadeias de abastecimento e a resiliência dos sistemas naturais.

Esta conferência reforça a urgência de traduzir ambição em resultados concretos. Para a Sonae, que reconhece o papel estratégico das empresas na proteção da natureza, a COP30 representa um marco para aprofundar compromissos, acelerar a ação coletiva e contribuir para um modelo económico mais regenerativo.

Se a conferência conseguir articular mecanismos de responsabilidade robustos, integrar a biodiversidade nas decisões financeiras e consolidar soluções baseadas na natureza como pilares das políticas climáticas, poderá abrir caminho a uma década de transformação sistémica que beneficiará o planeta, a economia e a sociedade.

Por Martim Santos, Diretor de Sustentabilidade da Sonae

Logo GRACE - Invert

Associação empresarial de utilidade pública, que tem como missão a promoção e desenvolvimento de uma cultura empresarial sustentável.

Contactos

Contacte-nos para:

Contacte-nos para:

grace@grace.pt
Entidade Formadora Certificada (DGERT)
EFR – Empresas Familiarmente Responsáveis

© 2025 GRACE - Todos os direitos reservados.