21 novembro, 2025

O que Aprendi em Belém: Reflexões sobre a COP30

Artigo Teresa Themudo COP30

O que Aprendi em Belém: Reflexões de Teresa Themudo sobre a COP30

Participar na COP30, em Belém do Pará, em representação do GRACE – Empresas Responsáveis, foi uma experiência profundamente marcante. Não apenas pela dimensão e complexidade desta conferência, mas pela consciência viva de que estávamos no coração de uma das regiões mais críticas para o equilíbrio climático e ecológico do planeta. Ver, ouvir e sentir a Amazónia tão perto dá outro peso às palavras “responsabilidade”, “urgência” e “ação”.

Chego de Belém transformada — profissional e pessoalmente — e com um sentido renovado do papel que o GRACE tem no apoio às empresas portuguesas que querem ser parte ativa da solução.

Representar o GRACE numa COP é trazer connosco as histórias, os desafios e a convicção das nossas empresas associadas. É fazer chegar a um palco global a realidade de quem, em Portugal, trabalha todos os dias para integrar a sustentabilidade na estratégia, na operação e na cultura organizacional.

Em Belém, senti a força dessa responsabilidade. O GRACE não está na COP30 para marcar presença: está para construir pontes, para traduzir tendências internacionais para a realidade empresarial portuguesa, e para garantir que as nossas empresas têm acesso direto ao conhecimento, às redes e às oportunidades que estão a moldar a próxima década de políticas ambientais e sociais.

Percebi também que a forma colaborativa como trabalhamos em Portugal — juntando empresas, academia e organizações da sociedade civil — é vista com muito respeito. Em várias conversas, ouvi que este “ecossistema de cooperação” nacional é um exemplo inspirador. Isso deu-me uma enorme confiança de que estamos no caminho certo.

Nenhuma fotografia, nenhum documentário ou relatório prepara verdadeiramente alguém para a sensação de estar tão perto da Amazónia. Há algo de vasto, frágil e profundamente simbólico naquela floresta.

E é impossível ignorar a contradição emocionante e dolorosa de estar num evento multilateral sobre clima num território onde tantas comunidades vivem diariamente as consequências da desflorestação, das alterações climáticas e das desigualdades sociais.

Essa proximidade física tornou todas as discussões mais urgentes.

Ouvir falar de biodiversidade quando estamos a poucos quilómetros do maior reservatório de vida do planeta é diferente. O tema ganha uma “cara”, cheiro, temperatura. Percebe-se, com uma clareza quase desconfortável, que a perda da natureza é uma perda coletiva — e irreversível.

Para mim, esta experiência reforçou uma convicção profunda: não podemos falar de clima sem falar de pessoas, de justiça, de comunidades e de natureza. Tudo está interligado.

Um dos momentos mais significativos da minha participação na COP30 foi o evento dinamizado pelo GRACE no Pavilhão de Portugal. A mesa-redonda “Nature and Biodiversity in Action” não foi apenas uma discussão técnica. Foi uma demonstração clara de que Portugal tem capacidade para liderar na integração entre ciência e prática empresarial.

Ouvi organizações que já estão a agir. Ouvi profissionais que trazem o rigor e a profundidade de quem estuda estas matérias há décadas. E ouvi, sobretudo, um desejo conjunto de fazer mais — e de o fazer de forma colaborativa.

Ver estas sinergias materializadas reforçou-me algo essencial: a transição não será feita por setores isolados. Será feita em conjunto — ou não será feita.

A COP30 foi um espaço de diálogo, de contraste e de inspiração. Entre a correria dos pavilhões, as reuniões formais, as negociações, os debates técnicos e as conversas espontâneas nos corredores, saio com várias reflexões:

  • A ação empresarial é indispensável, não apenas como complemento à ação pública, mas como motor de inovação, escala e impacto real.

  • A biodiversidade ganhou centralidade – e isso vai exigir novas métricas, novos dados e novas competências por parte das empresas.

  • A cooperação internacional será cada vez mais crítica, especialmente para países como Portugal, com grande potencial em energias renováveis, economia azul e conservação marinha.

  • A dimensão social da sustentabilidade não pode ser esquecida, sobretudo num contexto de transição justa, equidade e proteção de comunidades vulneráveis.

  • As empresas precisam de previsibilidade, e por isso o trabalho de plataformas como o GRACE — que interpretam e traduzem tendências globais — é cada vez mais essencial.

  • O futuro da competitividade empresarial será o futuro da regeneração ambiental. Não são agendas diferentes; são a mesma agenda vista de ângulos distintos.

Representar o GRACE na COP30 foi uma honra imensa. Mas foi também um exercício de humildade. Entre líderes mundiais, negociadores, cientistas, jovens ativistas e comunidades amazónicas, percebi que a transição climática é simultaneamente um desafio técnico e um desafio profundamente humano.

E é aí que sinto que o GRACE tem um papel único: ajudar as empresas a conectar o “como” ao “porquê”; a técnica ao propósito; a estratégia ao impacto real.

Volto de Belém com mais perguntas, mais inquietação — e mais motivação.
Mas volto também com a certeza de que não estamos sozinhos. Fazemos parte de uma comunidade nacional e internacional que quer mudar o rumo da história.

E enquanto representante do GRACE, sinto uma responsabilidade renovada: a de transformar esta experiência em conhecimento, inspiração e oportunidades concretas para todos os nossos Associados.

A COP30 foi uma viagem intensa. Mas, acima de tudo, foi um compromisso.
E é esse compromisso que trago comigo para o trabalho de todos os dias.

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